Maus tratos ao planeta provocam aumento do risco de pandemias

Além das condições adversas do tempo devido às mudanças climáticas e ao uso descontrolado dos recursos naturais, os maus tratos ao nosso planeta têm aumentado o risco de pandemias nas últimas décadas.

pandemias
O risco para novas pandemias aumentou nas últimas décadas.

O risco de novas doenças como o Covid-19 existe e foi publicado em um relatório em 18 de agosto, feito pelo Grupo de Trabalho Científico Internacional sobre Prevenção da Pandemia, organizado pelo Harvard Institute for Global Health em conjunto com o T.H Chan, que enfatizam sobre a necessidade de proteção das florestas e da mudança nas práticas agrícolas a fim de evitar novas transmissões de patologias de animais para humanos.

O risco de propagação de doenças infecciosas emergentes que poderiam causar outra pandemia aumentou nas últimas cinco décadas devido à crescente alteração ou destruição dos ecossistemas.

Com a destruição dos ecossistemas, um deslocamento forçado de espécies foi gerado, e frente a proximidade do homem, pode causar zoonose, um patógeno de risco presente em animais que pode ser transmitido para a espécie humana e que a partir daí pode se desenvolver como uma doença desencadeando uma nova pandemia.

Maus tratos ao planeta

O estudo mostra a total relação entre as mudanças climáticas, o desmatamento, queimadas, mercado de animais silvestres, agricultura intensiva e muitas outras atividades de destruição ambiental e a então disseminação de patógenos presentes em animais silvestres.

Desmatamento
O desmatamento desenfreado no planeta afeta diretamente no risco de novas pandemias.

Segundo a professora de patobiologia Deborah Kochevar, que é diretora do projeto da Agência dos Estados Unidos contra a disseminação de doenças, as evidências citadas no relatório mostram que a melhor forma de prevenir uma pandemia é fazer a prevenção dessa transmissão de vírus zoonóticos de animais para humanos.

A preparação para a chegada de uma pandemia

A preparação para o início de uma pandemia é tão essencial quanto preveni-la, e o grupo de pesquisadores destaca que as medidas de prevenção à disseminação de patógenos para evitar novas pandemias estão sendo subestimadas diante das dificuldades de controle do Covid-19.

É notório que até o momento, os esforços têm se concentrado exclusivamente na contenção: fortalecimento dos sistemas de saúde, aumento dos exames diagnósticos, medicamentos e vacinas, que são "essenciais, mas insuficientes para controlar outras futuras pandemias", segundo os pesquisadores.

colapso
Colapso dos sistemas de saúde frente a Covid-19 mostra a necessidade de preparo e prevenção de novas pandemias.

Dr. Aaron Bernstein, líder do grupo de pesquisa e diretor do Centro de Pesquisa Climática, Saúde e Meio Ambiente Global do T.H. Chan, de Harvard, diz que até agora mais de seis bilhões de dólares foram gastos para combater a pandemia causada pelo coronavírus. Pelos cálculos desse cientista, apenas 2% desse gasto (22 bilhões de dólares) seriam suficientes para financiar atividades de redução do desmatamento e controle do comércio de espécies silvestres para evitar a propagação de qualquer vírus com potencial zoonótico.

Cinquenta por cento das doenças infecciosas emergentes detectadas nas últimas décadas vieram de animais selvagens, mostram os pesquisadores do estudo. Os principais portadores de vírus potencialmente contagiosos são os morcegos - predominantemente para vírus como coronavírus (SARS), paramixovírus (Nipah), filovírus (Ebola) e rabdovírus (raiva) -, roedores - transmissores potenciais de arenavírus (febre de Lassa) e bunyavírus (hantavírus síndrome) - e macacos que carregam principalmente retrovírus como o HIV.

Alerta para áreas mais vulneráveis

De 1960 para cá novas práticas de uso da terra, especialmente desmatamento e agricultura intensiva, tem alterado um terço da área terrestre do planeta, isso significa ser responsável por mais de 50% das doenças infecciosas zoonóticas que afetam a espécie humana.

Desmatamento
Vista aérea da fronteira do território do Parque Indígena do Xingu e grandes fazendas de soja na floresta amazônica, Brasil.

O desmatamento na América Central levou a um aumento de roedores portadores de hantavírus com síndrome pulmonar, assim como o desmatamento em países da África Central e Ocidental levou a uma maior incidência de surtos de ebola.

Ainda segundo o epidemiologista Werneck, não é nada surpreendente que os locais considerados de maior risco para disseminação de patógenos de animais para humanos sejam na China, Sudeste Asiático, África e América do Sul, tudo isso porque são lugares que possuem grandes florestas tropicais com ecossistemas que estão sendo muito alterados.