Governo brasileiro lança Plano Clima com ações integradas para zerar emissões de gases-estufa até 2050

O governo brasileiro oficializou seu compromisso com o Acordo de Paris por meio de um plano que une metas de mitigação e adaptação com justiça climática.

Plano Clima estabelece 312 metas e mais de 800 ações com foco em justiça climática e inclusão social.
Plano Clima estabelece 312 metas e mais de 800 ações com foco em justiça climática e inclusão social. Foto: Freepik

Após 17 anos desde sua primeira versão, o Plano Clima é finalmente renovado e promete colocar o país no caminho para cumprir as metas assumidas no Acordo de Paris. Aprovado pelos ministérios que integram o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), o documento funciona como um roteiro estratégico para a redução das emissões de gases de efeito estufa, com ações planejadas até 2050.

A proposta central é diminuir as emissões líquidas de gases-estufa em até 67% até 2035, em comparação aos níveis de 2005. Para isso, o plano estabelece uma meta de queda das atuais 2,04 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente (2022) para algo entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas em 2035.

O documento organiza as ações em dois eixos: mitigação e adaptação. O primeiro é composto por oito planos setoriais que abrangem setores-chave como:

  • Agricultura e pecuária
  • Energia
  • Indústria
  • Transportes
  • Cidades
  • Uso da terra em áreas públicas e privadas
  • Resíduos sólidos e efluentes domésticos

Esses setores terão metas próprias e coordenadas entre os ministérios responsáveis. A proposta é ambiciosa, mas busca conciliar a redução das emissões com a manutenção do crescimento econômico e a geração de oportunidades.

Adaptação com justiça climática e inclusão social

O segundo eixo, voltado à adaptação, é composto por 16 planos temáticos. Eles abrangem áreas tão distintas quanto saúde pública, turismo, igualdade racial, agricultura familiar, recursos hídricos e povos tradicionais. O objetivo é fortalecer a resiliência da população brasileira, com atenção especial às comunidades mais vulneráveis, que costumam ser as mais afetadas por eventos extremos.

O plano reconhece que os efeitos da crise climática são desiguais e, por isso, propõe ações que promovam a justiça climática, com foco na proteção dos direitos humanos e na inclusão social. Ao todo, são 312 metas setoriais, acompanhadas de mais de 800 ações práticas para mitigar os impactos das mudanças do clima.

Construção coletiva e metas de longo prazo

A elaboração do novo Plano Clima foi marcada por uma ampla participação social. Mais de 24 mil pessoas contribuíram em oficinas e consultas públicas, resultando em 1.292 propostas para as estratégias de mitigação e adaptação. Além disso, a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente e uma consulta pública online renderam quase 3 mil contribuições adicionais.

O plano também introduz as chamadas Estratégias Transversais para Ação Climática, ainda em consulta pública. Elas tratam de temas como transição justa, mulheres e clima, educação ambiental, inovação e monitoramento.

Outro aspecto importante é a revisão periódica: o documento será avaliado a cada dois anos e revisado integralmente a cada quatro, permitindo ajustes conforme as necessidades e avanços tecnológicos.

Ao assumir compromissos concretos e promover a união entre os setores da sociedade, o Brasil sinaliza ao mundo sua disposição em liderar ações climáticas, buscando uma economia de emissões líquidas zero até 2050, sem abrir mão da justiça social e do desenvolvimento sustentável.

Referências da notícia


Após 17 anos, Governo do Brasil aprova novo Plano Clima e fixa caminho para cumprir meta do Acordo de Paris. 15 de dezembro, 2025.