Garimpo ilegal ameaça árvores gigantes da Amazônia: apenas 1 km da segunda maior árvore da região
Exploração legal de ouro ameaça o equilíbrio ecológico da Amazônia, colocando em risco as árvores gigantes, como o Angelim-vermelho, e prejudicando a preservação de áreas críticas para a biodiversidade.

Imagens de satélite divulgadas pelo Ministério Público do Amapá (MP-AP) revelaram que garimpos ilegais de ouro estão localizados a apenas um quilômetro da segunda maior árvore da Amazônia, um Angelim-vermelho de 85 metros de altura. Este local está na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, em Porto Grande, um santuário natural que abriga árvores gigantes.
Biodiversidade amazônica ameaçada
A árvore, apontada como a segunda maior da Amazônia, foi identificada em levantamentos realizados em 2018 e 2019 por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). A mais alta da região, com 88,5 metros de altura, também faz parte desse conjunto de árvores raras, que têm mais de 80 metros, o dobro da altura média das árvores da Amazônia.
Em outubro de 2023, o MP-AP recomendou à Secretaria de Meio Ambiente do Amapá (Sema) que intensificasse o monitoramento da área, destacando o risco representado pelos garimpos ilegais. A recomendação pedia a criação de mecanismos de proteção em um raio de 1 km ao redor das árvores gigantes, considerando sua importância para a biodiversidade e sua raridade. O promotor Marcelo Moreira, responsável pela recomendação, solicitou que essa área fosse declarada como de preservação permanente.
A expansão do garimpo na Amazônia e seus impactos socioambientais
A região, que já enfrenta a pressão de ao menos três grandes garimpos ilegais, sofreu um grave impacto ambiental em fevereiro de 2024, quando a barragem de um desses garimpos rompeu, liberando rejeitos de minério no rio Cupixi, o que agravou ainda mais os danos ecológicos. A presença dos garimpeiros na região foi confirmada oficialmente em fevereiro de 2022, e desde então, a atividade ilegal vem se expandindo.
O garimpo ilegal não passa por licenciamento ambiental, o que leva a um descuido com os impactos ambientais e sociais da atividade. O pesquisador Eric Bastos Gorgens, do Departamento de Engenharia Florestal da UFVJM, enfatiza que a exploração desordenada compromete a integridade do patrimônio natural.
"A intervenção não planejada não garante que os cuidados ambientais e sociais sejam seguidos", alerta Gorgens, ressaltando que as unidades de conservação são fundamentais para proteger essas áreas.
Importância do santuário de árvores gigantes e a urgência da conservação

O santuário de árvores gigantes, descoberto por pesquisadores em 2021, inclui o Angelim-vermelho, que com seus *85,44 metros, é a maior árvore do Amapá, superando em muito a altura média das árvores da região, que variam de 40 a 50 metros. Além disso, o local é parte de um projeto maior, que visa monitorar essas gigantes da Amazônia, com apoio de sensores aeroembarcados do Inpe.
A descoberta dessas árvores e os riscos associados ao garimpo ilegal colocam em evidência a luta pela conservação da Amazônia. As ações do MP-AP e o alerta dos pesquisadores refletem a urgência de se proteger esses ecossistemas raros e valiosos, vitais para a manutenção da biodiversidade e dos recursos hídricos da região.
Referências da notícia
G1. Garimpo ilegal está a 1 km da segunda árvore mais alta da Amazônia, de 85 metros de altura. 2025
G1. Como o avanço do garimpo ilegal devasta a Amazônia e agora ameaça santuário de 'árvores gigantes'. 2025