Clima e tecnologia garantem safra histórica de grãos em SC com aumento de mais de 20% em 2025
O campo catarinense vive um de seus melhores momentos: a safra de 2025 superou expectativas e bateu recordes, mesmo em meio a preços instáveis no mercado agrícola.

O ciclo 2024/2025 marcou um avanço expressivo na produção agrícola catarinense. Graças à combinação entre clima favorável e uso intensivo de tecnologias, o estado colheu 7,85 milhões de toneladas de grãos, registrando um crescimento de 20,7% em relação à safra anterior. O resultado coloca Santa Catarina em posição de destaque no cenário agrícola nacional, mesmo em meio a desafios mercadológicos.
Clima regular e investimento em tecnologia impulsionam produção
A expansão na colheita foi sentida em todos os principais grãos cultivados no estado. O destaque ficou com o arroz, que atingiu a maior produtividade da série histórica: 8,85 toneladas por hectare. O total colhido ultrapassou 1,3 milhão de toneladas, o que representa um aumento de 12,2%.
Além do arroz, o milho teve desempenho surpreendente. Foram mais de 2,7 milhões de toneladas, com produtividade média de 9,8 toneladas por hectare, a maior já registrada no território catarinense. Já a soja chegou a 3,27 milhões de toneladas, crescendo 19,1% em comparação ao último ciclo. Essa alta foi impulsionada tanto pelo aumento da área plantada quanto pela produtividade média de 3,9 mil kg por hectare.
Segundo o analista da Epagri/Cepa, Haroldo Tavares Elias, o sucesso da safra é fruto direto da aplicação de técnicas modernas, como cultivares aprimorados e manejo mais eficiente.
“Nesta safra em específico, o clima também contribuiu de maneira decisiva, com chuvas regulares [...] A Argentina recuperou a produção de milho e soja, e isso contribuiu para a pressão sobre os preços no mercado”, informou o especialista.
Recordes no campo, mas alerta no mercado: preços em queda preocupam produtores
Apesar da euforia no campo, o cenário no mercado não acompanha o mesmo ritmo. O excesso de oferta, tanto nacional quanto nos países do Mercosul, resultou na queda generalizada dos preços pagos aos produtores.
No caso do arroz, o valor recebido pelos agricultores caiu cerca de 41%, pressionado por estoques elevados e demanda estagnada. O feijão enfrenta problema semelhante. Mesmo com boa produção, o excesso de produto e a perecibilidade da leguminosa dificultam a sustentação de preços.
Situação parecida atinge os produtores de milho e soja. A segunda safra nacional robusta, aliada a boas projeções para os Estados Unidos, contribuiu para uma desvalorização expressiva, especialmente a partir de julho. A soja, por exemplo, voltou a ter os preços reduzidos, mesmo diante de uma colheita farta.
Armazenamento e exportação seguem como gargalos
Além da pressão sobre os preços, a falta de estrutura para armazenagem é apontada como outro desafio para os agricultores catarinenses. A situação limita a capacidade de segurar o produto e comercializá-lo em momentos mais vantajosos. Isso faz com que muitos produtores acabem vendendo logo após a colheita, em condições menos favoráveis.
Outro ponto levantado por especialistas é a necessidade de agregar valor às exportações agrícolas do estado, que ainda se baseiam em grande parte na comercialização de grãos in natura. O avanço da tecnologia no campo precisa ser acompanhado por melhorias na cadeia de industrialização e logística, para garantir maior retorno econômico ao setor.
Referências da notícia
Epagri/Cepa. Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola de Santa Catarina. 06 de agosto de 2025.