Cientistas criam drones inovadores inspirados na fauna brasileira
Pesquisadores brasileiros desenvolvem drones inspirados na arara-canindé e no beija-flor, buscando maior eficiência aerodinâmica e energética. O estudo foi apresentado na FAPESP Week França.

O setor de drones vive uma fase de transformação impulsionada pela tecnologia. Segundo dados do Drone Insights Industry, estudo elaborado por uma empresa alemã especializada no tema, o mercado global de drones movimenta hoje cerca de US$ 35,28 bilhões e deve alcançar US$ 41,3 bilhões até 2026.
No Brasil, o crescimento também é notável: já são 150 mil pilotos remotos registrados e cerca de 100 mil drones operando em nome de 13 mil instituições, conforme dados oficiais do sistema de solicitação de acesso de aeronaves remotamente pilotadas.
A pesquisa é liderada pelo engenheiro Douglas Bueno, professor da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, da UNESP. Ele apresentou os avanços do estudo durante a 25ª edição da FAPESP Week França, evento que reuniu cientistas do Brasil e da França em junho.
“Por mais que consigamos transportar várias pessoas em uma aeronave, ainda não atingimos o nível da natureza”, explica Bueno. “Há fatores como economia de energia e capacidade de manobra que só observamos em aves. O voo de um pássaro é muito mais otimizado do que o de um avião”, afirma o pesquisador.
Prototipagem em andamento inclui arara-canindé e beija-flor como modelos de voo
Iniciado em 2023, o projeto deve ser concluído até 2028. A ideia é desenvolver VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados) com capacidade de manobras mais sofisticadas e menor consumo de energia, inspirados em espécies como a arara-canindé e o beija-flor. Enquanto a arara foi escolhida por seu porte e potencial aerodinâmico, o beija-flor chamou atenção pela habilidade de realizar movimentos complexos com precisão.

“Se os nossos veículos fossem como os da natureza, seriam muito mais eficientes”, ressalta Bueno, que também aponta futuras aplicações: de entregas em longa distância ao uso militar e ambiental. “Drones bioinspirados podem ser camuflados entre a fauna, facilitando o monitoramento ambiental ou mesmo a instalação de câmeras em operações sigilosas.”
A equipe de pesquisa é composta por mais de 20 integrantes, entre doutorandos, mestrandos, bolsistas de iniciação científica e pesquisadores associados de instituições como a USP e a Universidade Federal da Grande Dourados. O trabalho está dividido em quatro áreas principais: estrutura, aerodinâmica, eficiência energética e controle de voo.
Na fase atual, os pesquisadores estão desenvolvendo peças em impressoras 3D e elaborando modelos matemáticos e computacionais que servirão de base para os protótipos. A proposta também inclui o uso de painéis solares, permitindo que os drones sejam recarregados por energia solar durante operações de campo. Os primeiros testes práticos devem começar assim que os modelos computacionais estiverem finalizados.
Referências da notícia
Jornal da Unesp. Pesquisa se inspira na fauna brasileira para desenvolver nova geração de drones. 2 de julho de 2025.