Antártica em alerta: iceberg do tamanho de São Paulo se desprende

A porção enorme de gelo que se desprendeu da Antártica tem o tamanho da cidade de São Paulo, ou seja, não é algo imperceptível e foi identificado por um satélite. O iceberg tem uma área de 1.550 quilômetros quadrados.

Apesar de bastante assustador um pedaço de gelo dessa proporção estar a deriva, o glaciologista da British Antarctic Survey (BAS), Dominic Hodgson, explicou que é um evento esperado e faz parte do comportamento natural da plataforma e não está ligado à mudança climática, que é o que todos imaginam devido ao aquecimento do planeta.

O rompimento da placa de gelo gigante aconteceu no último domingo (22) e chamou a atenção pelo seu tamanho. Apesar do evento ter sido considerado dentro do esperado, a região da Antártica onde ocorreu o desprendimento está ameaçada pelo aquecimento global e no último ano registrou temperaturas recordes e consideradas anômalas.

Iceberg gigante

A placa de gelo de 1.550 quilômetros quadrados que fica próxima a uma estação científica do Reino Unido se desprendeu no último domingo (22) por volta das 16h após a região enfrentar uma forte maré que acabou ampliando uma rachadura já pré-existente na plataforma de gelo segundo informações da BAS.

Inclusive, considerado um evento esperado e de forma natural pelos especialistas da região, um outro iceberg com tamanho parecido ao atual também chamou a atenção há dois anos atrás na mesma área. Seria a Antártica se desfazendo?

Essa placa de gelo que se desprendeu anteriormente aconteceu na plataforma chamada de gelo Brunt, onde aliás, está localizada a base de pesquisa britânica Halley VI.

Com grandes fissuras sendo registradas nas plataformas de gelo durante uma década, os pesquisadores da BAS decidiram mudar a base de estudos Halley VI de lugar em 2016. Os glaciologistas até ressaltaram que a mudança foi significativa, em torno de 20 quilômetros de distância, justamente por medo de que uma placa de gelo se desprendesse e levasse a base de estudos junto.

Aquecimento global

Apesar de considerado um evento normal por Hodgson, é notório e comprovado que a Antártica vem enfrentando recordes de temperaturas sob efeito do aquecimento global. No ano de 2022, o continente registrou altas temperaturas que não haviam sido registrados anteriormente.

Recentemente, foi indicado através do relatório anual do programa europeu sobre as mudanças climáticas chamado Copernicus, que em fevereiro de 2022 nessa área da Antártica foi registrada a menor extensão de gelo já observada nos últimos 44 anos, ou seja, alguma influência a elevação das temperaturas globais tem nisso, não dá pra considerar apenas um evento já esperado.

Aliás, mesmo que seja considerado algo normal de acontecer pelos glaciologistas, cientistas se preocupam com outras questões quando placas de gelo se desprendem dessa maneira e nessa proporção.

Por exemplo, em 2021 houve o derretimento de um iceberg cerca de 4 mil quilômetros ao norte de onde se rompeu em 2017, o que liberou mais de 150 bilhões de toneladas de água doce e com muitos nutrientes no mar, o que gera impactos em um ecossistema frágil.