400 milhões de toneladas: o plástico está sufocando a fauna e a flora marinha!

Os plásticos está sufocando os animais! Tubarões tigres foram encontrados emaranhados em plásticos, possivelmente provenientes de rede de pesca. E o Brasil produz o equivalente a 344 mil caminhões de lixo anualmente!

Poluição marinha
Fauna marinha está sendo sufocada pela quantidade de plásticos presente nos oceanos.

O mundo está produzindo uma quantidade recorde de resíduos plásticos descartáveis, principalmente feitos de polímeros criados a partir de combustíveis fósseis.

A poluição por plásticos nos oceanos é um problema muito sério. Estudos estimam que entre 4.8 e 12.7 milhões de toneladas de detritos plásticos são despejados anualmente no ambiente marinho, e essa quantidade tende a aumentar, já que o crescimento do consumo de plástico é superior ao crescimento da capacidade de tratamento desses resíduos.

O lixo plástico está sufocando os oceanos

Uma pesquisa realizada há uma década já calculava a quantidade total de plásticos flutuando nos oceanos em pelo menos 5 trilhões de partículas, com peso superior a 250 mil toneladas. Porém, esse cálculo não incluía a quantidade muito maior de partículas que se afundam na coluna de água e se depositam nos fundos marinhos, que atualmente já contabilizam 14 milhões de toneladas.

A dimensão desses poluentes varia entre micro plásticos, visíveis a olho nu, aos microplásticos, de tamanho inferior a 5 mm.

Tal nível de poluição é extremamente preocupante porque a fauna marinha é fortemente impactada pelos detritos plásticos, tanto devido ao emaranhamento quanto à ingestão. Um estudo recente publicado na Marine Pollution Bulletin, identificou 701 espécies afetadas por ingestão de plásticos. Não só estes animais ingerem o material por confundi-lo com alimento, como também se verifica com os predadores sendo contaminados com detritos que as suas presas ingeriram.

Em Pernambuco, 3% dos tubarões tigres estudados, encontravam-se emaranhados em lacres plásticos circulares, apresentando deformações anatômicas e ferimentos severos causados pela abrasão e tensionamento desses materiais.

Tubarão enroscado em uma rede de pesca
Tubarões tigre da costa de Pernambuco têm sido feridos por plásticos jogados no mar. Foto: André Sucena Afonso.

Na Bahia, peixes recifais foram detectados exibindo materiais plásticos em forma de colar, provenientes de sacolas de plástico e tampas de garrafa, encaixados em seus corpos.

Estes emaranhamentos prejudicam diretamente a capacidade de locomoção, oxigenação e alimentação desses animais, comprometendo a sua sobrevivência. Outro exemplo de emaranhamento de fauna marinha é a chamada “pesca fantasma”, em que redes de pesca perdidas no mar capturam animais e na maioria das vezes causando a morte do animal.

Milhares de anos para o plástico se decompor

Inventado há mais de cem anos, o plástico rapidamente se infiltra no cotidiano da população, devido às suas características moldáveis, elevada resistência e baixo custo de produção, trazendo múltiplos benefícios tanto para o setor industrial como para os consumidores.

A produção global de plástico vem aumentando rapidamente nas últimas décadas, com cerca de 400 milhões de toneladas atuais.

Ironicamente, a elogiada durabilidade desses materiais se revelou uma característica prejudicial quando seu descarte é feito de forma indevida, já que o plástico pode levar centenas ou milhares de anos para se decompor. Em consequência disso, uma quantidade imensa de material tem se acumulado na natureza ao longo do tempo, sendo que uma proporção considerável termina nos oceanos.

E no Brasil, os 5.570 municípios brasileiros geram 3.44 milhões de toneladas anuais de resíduos plásticos, que em sua maioria vão direto para o Oceano Atlântico. Isso seria equivalente a 344 mil caminhões de lixo.

A capacidade de limitar o descarte indevido do plástico e de promover a sua reciclagem e reutilização depende, parcialmente, da atitude individual, juntamente com a adoção de comportamentos ambientalmente sustentáveis assumida pelo coletivo de todos nós.

Alcançar o objetivo social de eliminar a poluição por plástico é uma tarefa complexa e demorada. Assim, é necessário mitigar rapidamente o seu impacto, com ações como a limitação do uso de plástico em formato circular, mais propensos ao emaranhamento, e a promoção de soluções que sejam inofensivas para a fauna marinha.