Camada de ozônio poderá se recuperar totalmente nas próximas décadas

A camada de ozônio, que protege o planeta da radiação ultravioleta, está a caminho de se recuperar completamente dentro de quatro décadas! Tudo graças ao Protocolo de Montreal, que eliminou grande parte das substâncias que destroem o ozônio, contribuindo também na mitigação às mudanças climáticas.

Camada de ozônio
O buraco na camada de ozônio tem reduzido nos últimos anos, indicando a recuperação da camada de ozônio estratosférica. Imagem: Copernicus.

Um grupo de especialistas, apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU), declarou que a camada de ozônio poderá se recuperar completamente em quatro décadas! A boa notícia foi anunciada nesta segunda-feira (9) na 103ª reunião anual da Sociedade Americana de Meteorologia (em inglês, American Meteorological Society - AMS).

O relatório do Painel de Avaliação Científica apoiado pela ONU para o Protocolo de Montreal sobre Substâncias Destruidoras de Ozônio, publicado a cada quatro anos, confirma a eliminação gradual de quase 99% das substâncias destruidoras de ozônio, proibidas pelo Protocolo de Montreal.

Assinado em 1987, após a descoberta do buraco na camada de ozônio causada pela produção e consumo de certos produtos químicos, como os clorofluorcarbonos (CFCs), o Protocolo de Montreal se tornou um verdadeiro defensor do meio ambiente, conseguindo proteger e recuperar a camada de ozônio na estratosfera, consequentemente diminuindo a exposição humana aos nocivos raios ultravioleta (UV) vindos do sol!

De acordo com os especialistas, se as atuais políticas e esforços continuarem em vigor, a camada de ozônio deverá se recuperar por volta de 2040 em grande parte do mundo, voltando aos valores de antes do surgimento do buraco de ozônio! A recuperação demorará um pouco mais nas regiões polares, espera-se que a camada de ozônio se recupere totalmente sobre o Ártico por volta de 2045 e em 2066 sobre a Antártica.

Apesar de apresentar uma variabilidade de tamanho e profundidade nos últimos anos, devido principalmente as condições atmosféricas, o buraco na camada de ozônio sobre a Antártica tem apresentado uma redução. Fonte: European Environment Agency (EEA)

Sobre a Antártica, já tem sido registrada uma melhora gradual no tamanho da área e profundidade do buraco de ozônio desde o ano 2000. Algumas variações vistas nos últimos anos, como entre os anos de 2019 e 2021, foram impulsionadas por fatores atmosféricos - como a variação na intensidade do vórtice polar e as temperaturas estratosféricas sobre a Antártica.

Apesar das boas notícias, o relatório também faz um alerta, pela primeira vez, sobre o uso de novas tecnologias para combater o aquecimento global, como as criadas na geoengenharia. Uma dessas técnicas conhecida como SAI - Stratospheric Aerosol Injection - pretende adicionar intencionalmente alguns aerossóis na estratosfera na intenção de reduzir o aquecimento climático, aumentando a reflexão da luz solar. Entretanto, de forma não intencional, o SAI também pode afetar as temperaturas estratosféricas, a circulação e a produção de ozônio, além das taxas de destruição e transporte.

Impactos e mitigação das mudanças climáticas

O Painel da ONU afirma que a ação tomada para a proteção da camada de ozônio reforçou uma resposta mais pesada à crise climática e o combate ao aquecimento global. Os CFCs, além de destruírem o ozônio estratosférico, também são gases de efeito estufa e seu uso contínuo e descontrolado teria aumentado as temperaturas globais em até 1°C até meados do século, piorando a situação terrível que vivemos, onde as concentrações dos gases que aquecem o planeta ainda não estão diminuindo.

O relatório da ONU ressalta que o Protocolo de Montreal, além de proteger a camada de ozônio, já beneficiou os esforços para mitigar as mudanças climáticas, ajudando a evitar o aquecimento global em cerca de 0,5°C!

Além disso, um acordo adicional em 2016 , conhecido como Emenda de Kigali, foi incorporado ao Protocolo de Montreal, exigindo a redução gradual da produção e consumo de hidrofluorcarbonos (HFCs), substâncias usadas em substituição dos CFCs. Apesar dos HFCs não destruírem diretamente o ozônio, eles são poderosos gases de efeito estufa, com grande potencial para agravar o aquecimento global. De acordo com o Painel, esta emenda evitará outros 0,3 a 0,5°C de aquecimento até 2100.

A ação do ozônio estabelece um precedente para a ação climática”, disse o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, Petteri Taalas. “Nosso sucesso na eliminação gradual de produtos químicos que comem ozônio nos mostra o que pode e deve ser feito com urgência para abandonar os combustíveis fósseis, reduzir os gases de efeito estufa e, assim, limitar o aumento da temperatura”.