Alerta: o hábito de ficar muito tempo sentado traz vários riscos para a saúde

Um estudo recente alertou que passar mais de 11 horas sentado pode fazer mal ao coração. Veja quais os outros riscos que este hábito pode causar para a nossa saúde.

mulher sentada bastante tempo
O hábito de ficar muito tempo sentado aumenta o risco de morte por doenças cardiovasculares e outros problemas.

Um novo estudo, publicado recentemente na revista Journal of the American Heart Association, afirma que o hábito de passar muito tempo sentado (mais de 11 horas ininterruptas por dia) é perigoso para a saúde.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares (DCVs) são a principal causa de morte em todo o mundo. Estima-se que 17,9 milhões de pessoas morreram de DCVs em 2019, o que representa 32% de todas as mortes globais.

Isso aumenta em 78% o risco de morte por doenças cardiovasculares (doença coronariana fatal, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, etc.) e em 57% o risco de morrer por qualquer outra enfermidade.

Os riscos desse hábito para a saúde

Os pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego, avaliaram o tempo sedentário de 5.856 mulheres idosas usando um acelerômetro – dispositivo colocado no quadril que detecta a postura e a movimentação. Os dados foram processados por um algoritmo, que excluiu as horas de sono. Com isso, os registros de saúde das mulheres foram acompanhados por 8 anos (de 2014 até 2022).

Segundo o estudo, os riscos citados acima foram geralmente consistentes entre idade, índice de massa corporal, funcionamento físico, fatores de risco de doenças cardiovasculares e raça e etnia, o que aumenta a confiança nos resultados.

Ficar mais de 11 horas ininterruptas sentado aumenta em 78% o risco de morte por doenças cardiovasculares e em 57% o de morrer por qualquer outra enfermidade, em comparação com quem fica menos de 9 horas sentado, por exemplo.

Everton Crivoi do Carmo, doutor em Ciências do Esporte e educador físico no Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, disse que “o resultado corrobora que o comportamento sedentário aumenta o risco de morte, e o dado é interessante porque coloca um corte, um número de horas”.

O especialista explicou outro risco desse hábito. Segundo ele, sem a exigência de se adaptar para responder a um esforço, o coração vai ficando menor e mais fraco. Com isso, tem-se um aumento da glicose em circulação, já que ela não precisa ser usada como combustível para os músculos, e, por sua vez, diminui a sensibilidade à insulina, gerando a predisposição ao diabetes.

pessoas caminhando
Atividade física, como uma caminhada, é bom para evitar o sedentarismo.

O hábito de ficar muito tempo parado também aumenta os triglicerídeos e os marcadores pró-inflamatórios no sangue. Além disso, a falta de ativação muscular prejudica a capacidade de produzir força. “A pessoa se cansa por qualquer coisa, então se submete cada vez menos a esforços, o que a faz perder mais força, deixando-a ainda mais cansada e gerando um ciclo vicioso”, diz Everton.

O alerta dos problemas que o sedentarismo traz também vale para os mais jovens. “Em qualquer idade, não adianta passar duas horas na academia e ficar o resto do dia sentado”, disse Everton.

O especialista também dá algumas dicas para evitar o sedentarismo: “Nosso dia-a-dia estimula o comportamento sedentário, mas é preciso pensar em estratégias para manter um estilo de vida ativo, com pequenos exercícios ao longo do dia, seja fracionando-os, seja aproveitando as oportunidades para caminhar ou subir escadas, por exemplo”, disse.

O estudo afirma que “reduzir o comportamento sedentário geral e interromper a sessão prolongada, além de promover a atividade física, poderia trazer grandes benefícios para a saúde pública em uma sociedade em envelhecimento”.

Referência da notícia:

Nguyen, S. et al. Prospective Associations of Accelerometer‐Measured Machine‐Learned Sedentary Behavior With Death Among Older Women: The OPACH Study. Journal of the American Heart Association, v. 13, n. 5, 2024.