Novidades sobre 3I/ATLAS! O cometa pode ter vulcões congelados que explicam sua origem

O 3I/ATLAS está fazendo sua maior aproximação do nosso planeta e novas observações mostram novas propriedades do visitante interestelar.

Novas observações do 3I/ATLAS mostram que ele pode ter atividade vulcânica de vulcões congelados. Crédito: Trigo-Rodríguez et al. 2025
Novas observações do 3I/ATLAS mostram que ele pode ter atividade vulcânica de vulcões congelados. Crédito: Trigo-Rodríguez et al. 2025

O ano de 2025 ficou marcado por um nome de objeto astronômico, o 3I/ATLAS. O objeto foi descoberto no começo de julho deste ano e logo foi confirmado como um objeto interestelar por diferentes agências espaciais. Com a confirmação, ele foi considerado o terceiro visitante interestelar já identificado atravessando o Sistema Solar, após 1I/‘Oumuamua e 2I/Borisov. Sua trajetória hiperbólica, junto com sua alta velocidade de entrada, confirma origem fora do Sistema Solar.

Apesar de ser interessante, o nome 3I/ATLAS foi logo associado com diversas fake news, polêmicas e sensacionalismo. Isso porque, desde a descoberta, houve especulação sobre sua natureza e alguns até sugeriram que poderia ser uma nave extraterrestre. No entanto, análises fotométricas e espectroscópicas conduzidas por observatórios e confirmadas por agências espaciais indicam que o 3I/ATLAS é um cometa interestelar.

Ele apresenta comportamento esperado de um cometa com uma coma difusa, ejeção de gás e poeira e variação de brilho ao se aproximar do Sol. Nesse mês, o cometa se aproxima do ponto mais próximo da Terra e mais estudos foram publicados sobre o objeto. Dados mostraram atividade que indica a presença de vulcões congelados que seriam regiões onde gelo pressurizado rompe a crosta superficial, liberando material de forma intermitente.

Cometa 3I/ATLAS

No começo de julho, sistemas de varredura automática do céu detectaram um objeto em alta velocidade e inclinação orbital dentro do Sistema Solar. Em poucos dias, esse objeto foi confirmado como um objeto interestelar e recebeu o nome de 3I/ATLAS. Sua trajetória foi calculada e encontraram uma excentricidade alta indicando uma órbita hiperbólica que não está conectada gravitacionalmente ao Sol e com passagem única pelo Sistema Solar, ou seja, sem ser capturado.

3I/ATLAS se tornou o terceiro visitante interestelar observado no Sistema Solar, os dois primeiros foram 1I/‘Oumuamua e 2I/Borisov.

Como o objeto logo chamou atenção, diversos observatórios realizaram observações fotométricas e espectroscópicas do 3I/ATLAS. Eles encontraram que o objeto é um cometa interestelar ativo que apresenta propriedades que são comuns em cometas como coma, liberação de gás e poeira e variação de brilho. A atividade é dominada por compostos voláteis, indicando um núcleo rico em gelos primordiais e pouco afetado por aquecimento estelar prolongado.

A polêmica por trás do 3I/ATLAS

Desde sua descoberta, o 3I/ATLAS gerou especulações de que poderia ser um objeto artificial devido à sua origem interestelar e sensacionalismo criado após o caso de 1I/‘Oumuamua. Essas hipóteses se apoiaram principalmente em interpretações iniciais de sua trajetória e brilho. No entanto, a dinâmica do 3I/ATLAS é explicada pela dinâmica do Sistema Solar, sem acelerações não gravitacionais anômalas ou alguma evidência de manobras. Nada que indique uma origem artificial.

Observações mostram que o 3I/ATLAS é um cometa com propriedades semelhantes aos cometas do Sistema Solar. Todo o comportamento do cometa desde sua descoberta até agora está evoluindo de forma esperada. Espectroscopia revela assinaturas compatíveis com sublimação de compostos voláteis e uma morfologia consistente com um núcleo coberto por materiais gelados.

Vulcões congelados

Recentemente, o cometa chegou ao seu ponto mais próximo do Sol e também ao ponto mais próximo da Terra, sendo uma oportunidade para melhores observações. Alguns dados mostraram um aumento abrupto de brilho quando o objeto atingiu aproximadamente 2,5 unidades astronômicas do Sol. Esse aumento de brilho e até mudança de cor indicam a sublimação de parte do gelo do cometa enquanto ele se aproxima do Sol. Essas observações também indicaram a possibilidade de criovulcanismo.

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O criovulcanismo é um tipo vulcanismo impulsionado por gelo e voláteis em vez de magma rochoso, ou seja, gelo e compostos que são pressurizados são emitidos. Outra descoberta foi que análises espectrais mostram forte semelhança com meteoritos ricos em metais como ferro e níquel. Essa composição metálica fornece um mecanismo para sustentar a atividade criovulcânica observada.

Origem de cometas

A descoberta de atividade criovulcânica no 3I/ATLAS nos mostra mais detalhes sobre modelos de formação de cometas. Os cenários clássicos descrevem cometas como agregados frios de gelo e silicatos, com baixa fração metálica e atividade dominada pela sublimação. A evidência de um interior rico em metais indica que alguns cometas podem se formar em ambientes protoplanetários com condições químicas e térmicas diferentes das do Sistema Solar.

Esse resultado sugere que a composição e a estrutura interna dos cometas estão associadas aos discos protoplanetários onde se originam. Por causa disso, esses objetos interestelares nos ajudam a entender como objetos são formados em outros sistemas planetários. Isso ajuda a encontrar vias alternativas do processo de formação de planetas e objetos em torno de uma estrela.

Referência da notícia

Trigo-Rodríguez et al. 2025 Spectrophotometric evidence for a metal-bearing, carbonaceous, and pristine interstellar comet 3I/ATLAS arXiv