Onda de calor faz nível dos reservatórios em SP atingirem menor volume no final de dezembro
A Sabesp intensificou a gestão da demanda e a redução da pressão noturna após os reservatórios paulistas apresentarem quedas consecutivas no volume útil nesta semana.

A Região Metropolitana de São Paulo enfrenta um cenário de alerta hídrico severo devido à forte onda de calor que atinge o Sudeste neste final de ano. Atualmente, o Sistema Integrado Metropolitano, composto por sete mananciais, opera com apenas 26,42% de sua capacidade total de armazenamento. Este volume representa o nível mais baixo registrado nos últimos dez dias, acendendo um sinal de alerta para o governo estadual e para os órgãos de saneamento.
O esvaziamento das represas é impulsionado por dois fatores principais que ocorrem simultaneamente. Primeiramente, as temperaturas recordes registradas na capital paulista, que atingiram a máxima de 37,2 °C, intensificaram a pressão sobre os reservatórios. Em segundo lugar, houve uma elevação atípica no consumo de água, que chegou a subir até 60% em determinados pontos da região. Mesmo com a saída de aproximadamente 30% da população para as viagens de fim de ano, a produção de água precisou ser elevada de 66 mil para 72 mil litros por segundo para dar conta da demanda.
Crise nos principais reservatórios paulistas
Entre os mananciais que compõem o sistema, o Cantareira e o Alto Tietê encontram-se em situação mais delicada, operando com volumes próximos a 20% de sua capacidade. O Sistema Cantareira, especificamente, é o principal fornecedor para a Grande São Paulo, sendo responsável pelo abastecimento de cerca de 7 milhões de pessoas diariamente. Em outubro, esse reservatório já havia atingido seu pior nível em dez anos, e a recuperação lenta observada no início de dezembro foi rapidamente anulada pela recente estiagem e pelo calor excessivo.
A média das precipitações não tem sido suficiente para reverter esse quadro. Embora o volume útil tenha chegado a 27,3% após chuvas pontuais, os reservatórios vêm perdendo água dia após dia na última semana. Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a situação demanda vigilância contínua para evitar riscos maiores de desabastecimento.
Estratégias operacionais e a gestão da demanda hídrica
Para tentar preservar os mananciais, o governo estadual e a agência reguladora Arsesp mantêm a redução da pressão da água durante o período noturno, com duração de dez horas. Além disso, obras de transposição, como a que interliga as bacias Jaguari e Atibainha, permitem transferir água para o Cantareira, tentando minimizar os riscos. O Sistema São Lourenço também atua como um suporte importante para abastecer dois milhões de usuários em oito municípios.
Diante dessa perspectiva de seca e calor persistente, as autoridades reforçam os pedidos para que a população reduza o consumo de água. A economia doméstica é vista como essencial para garantir que o sistema integrado suporte a pressão operacional até que as precipitações se tornem volumosas e regulares o suficiente para recuperar os níveis dos mananciais.