EUA vs. Brasil no comércio de etanol e açúcar: tarifas, disputas e o futuro das relações comerciais

O governo dos EUA considera novas tarifas sobre o etanol brasileiro, enquanto o Brasil busca reciprocidade no comércio de açúcar. A disputa pode impactar preços, exportações e acordos bilaterais, redefinindo as relações comerciais entre as duas potências.

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Brasil, um dos maiores produtores de etanol do mundo, utiliza a cana-de-açúcar como principal matéria-prima para a produção do biocombustível.

As relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos entraram em um novo capítulo de tensão, com o etanol e o açúcar no centro da disputa. O governo norte-americano, sob a liderança de Donald Trump, anunciou a possibilidade de impor tarifas recíprocas sobre produtos brasileiros, argumentando que as barreiras comerciais aplicadas pelo Brasil ao etanol dos EUA são injustas.

Enquanto isso, o Brasil contra-argumenta, destacando as dificuldades que enfrenta para exportar açúcar ao mercado norte-americano devido às altas taxas impostas pelos EUA.

Essa nova rodada de desentendimentos ameaça impactar significativamente a economia dos dois países, especialmente no setor de biocombustíveis e produtos agrícolas. Para entender o que está em jogo, é preciso analisar as tarifas vigentes, as motivações políticas e os possíveis desdobramentos dessa disputa comercial.

O plano justo e recíproco dos EUA

Em fevereiro de 2025, o presidente Donald Trump anunciou um novo plano comercial chamado "Plano Justo e Recíproco", que visa equilibrar as relações comerciais dos EUA com outros países. Esse plano argumenta que parceiros comerciais impõem tarifas desproporcionais sobre produtos norte-americanos, prejudicando a competitividade da indústria dos EUA. Como exemplo, Trump citou o caso do etanol: enquanto os EUA aplicam uma tarifa de apenas 2,5% sobre o etanol brasileiro, o Brasil impõe uma tarifa de 18% sobre o etanol norte-americano.

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O Porto de Santos, principal ponto de exportação do açúcar brasileiro, enfrenta desafios comerciais devido às altas tarifas impostas pelos EUA, que ultrapassam 80% em alguns casos, afetando a competitividade do setor no mercado internacional.

Além disso, o plano busca corrigir outras disparidades tarifárias, como as altas taxas impostas ao açúcar brasileiro pelos EUA, que chegam a mais de 80% em alguns casos. A proposta visa garantir uma maior equidade no comércio e proteger os interesses econômicos dos EUA.

Como funcionam as tarifas?

As tarifas de importação são um instrumento econômico utilizado pelos governos para proteger a produção interna e equilibrar o comércio internacional. No caso do etanol, atualmente:

  • O Brasil impõe uma tarifa de 18% sobre o etanol norte-americano importado.
  • Os EUA aplicam apenas 2,5% de taxa ao etanol brasileiro.
  • Além disso, o Brasil não permite que o etanol dos EUA seja incluído no programa RenovaBio, dificultando sua competitividade no mercado nacional.

Por outro lado, quando se trata do açúcar, o Brasil enfrenta barreiras ainda maiores para exportar aos EUA. A tarifa imposta pelo governo norte-americano para o açúcar brasileiro pode ultrapassar 80%, tornando a venda inviável além das cotas estabelecidas.

Impactos econômicos da disputa

Caso os EUA decidam impor novas tarifas ao etanol brasileiro, as consequências podem ser profundas para o comércio bilateral. Entre os principais impactos, podemos destacar:

  • Para o Brasil: A exportação de etanol para os EUA pode se tornar menos competitiva, afetando diretamente produtores do Centro-Sul do país, onde a cana-de-açúcar é um dos principais motores da economia.
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A cana-de-açúcar, base da produção de etanol no Brasil, é fundamental para a economia do Centro-Sul. Tarifas dos EUA podem impactar sua competitividade no mercado internacional.
  • Para os EUA: Refinarias norte-americanas que dependem do etanol brasileiro, especialmente na Califórnia, podem enfrentar aumento de custos, o que pode refletir nos preços finais do combustível.
  • Para o consumidor: A possibilidade de tarifas recíprocas pode impactar os preços dos combustíveis e produtos derivados do açúcar em ambos os países, tornando-os mais caros para os consumidores finais.

O que está em jogo para o Brasil?

Além da questão comercial, a disputa reflete um desafio maior para o Brasil: manter sua relevância no mercado global de biocombustíveis. O etanol brasileiro é reconhecido mundialmente por sua baixa pegada de carbono e sua eficiência na redução de emissões de CO₂. Se os EUA impuserem barreiras ao produto brasileiro, o Brasil pode buscar diversificar seus mercados de exportação, fortalecendo laços com a União Europeia e países asiáticos.

    O desfecho dessa disputa determinará não apenas o futuro do setor de etanol e açúcar, mas também a forma como essas potências econômicas continuarão a negociar no cenário global.