Desastre: usina de Fukushima tem vazamento de 5,5 toneladas de água radioativa

O vazamento da água radioativa aconteceu devido a uma falha nas operações de manutenção na central nuclear. Contudo, os especialistas afirmam que não há sinal de contaminação. Saiba mais aqui!

Usina nuclear de Fukushima, no Japão
Usina nuclear de Fukushima, no Japão, tem vazamento de água radioativa, mas não há sinal de contaminação. Crédito: Kyodo/REUTERS.

Mais uma polêmica vinda da Usina nuclear de Fukushima, no Japão. Agora, o fato é que na última quarta-feira (7), ocorreu um vazamento de cerca de 5,5 toneladas de água radioativa na central nuclear, após válvulas terem sido deixadas abertas durante os trabalhos de manutenção. O vazamento foi detectado em uma área da usina que processa a água contaminada.

Em março de 2011, um enorme tsunami atingiu a Usina de Fukushima. A água que invadiu o local superaqueceu os reatores nucleares da instalação, que explodiram, causando uma contaminação radioativa em grande escala. O acidente deixou 18 mil mortos e foi um dos piores desastres nucleares da história.

A informação foi confirmada pela companhia Tokyo Electric Power (TEPCO), que opera os trabalhos no local. Contudo, as autoridades japonesas afirmam que não há sinais de contaminação no ambiente externo à Usina.

Usina de Fukushima, tanques de tratamento de águas residuais
Águas residuais tratadas armazenadas em tanques altos na Usina de Fukushima. Crédito: EFE/Arquivo/Nicolas Datiche/POOL.

A água que vazou contém 22 bilhões de becquerels – unidade de medida para radioatividade; mas, segundo a TEPCO, nenhuma mudança significativa foi detectada nos postos de monitoramento de radioatividade ao redor da usina ou nas leituras do monitor de água nas calhas dentro dela.

Polêmicas anteriores

Conforme já havíamos relatado aqui, o governo do Japão iniciou em agosto do ano passado a liberação de água radioativa tratada da Usina no oceano Pacífico, embora sob muitas contestações.

A Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, em inglês), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), aprovou a liberação e garantiu que não há riscos para a população e o meio ambiente. As águas serão descartadas de forma gradual – no máximo 500 mil litros por dia – por meio de uma tubulação subaquática de um quilômetro.

A água radioativa da Usina foi tratada retirando-se os materiais radioativos, exceto o trítio. Ainda não existe uma tecnologia que consiga retirá-lo, mas as autoridades japonesas afirmam que a água será altamente diluída e liberada lentamente no oceano ao longo de décadas.

O governo japonês ainda afirma que a água foi filtrada para remover a maioria dos elementos radioativos, com exceção do trítio, um isótopo de hidrogênio que é difícil de separar da água.

Ainda assim, moradores de países vizinhos e os próprios pescadores locais mostraram-se preocupados, alertando para as ameaças desse descarte ao meio ambiente marinho e à saúde pública. A China, por exemplo, condenou o plano e chegou a restringir a importação de produtos japoneses por receio de contaminação. Pequim, a capital chinesa, que é o maior comprador de frutos do mar do Japão, já mostrou uma queda de 30% nas compras.

Inclusive, o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida gravou um vídeo, em agosto do ano passado, comendo peixes pescados na costa de Fukushima para provar que o consumo é seguro. “Está muito bom. Seguros e deliciosos”, disse ele na gravação.

primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida
O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, comendo peixes de Fukushima para provar que o consumo é seguro. Crédito: YouTube/Prime Minister’s Office of Japan.

E no final de outubro do ano passado, como noticiamos aqui, dois funcionários da usina que atuavam no local foram hospitalizados após terem contato com a água radioativa. O acidente ocorreu quando uma mangueira de drenagem que remove fluido de limpeza contaminado se soltou de um tanque receptor. Mas, felizmente, eles não sofreram lesões e a TEPCO anunciou o reforço na segurança das operações.

Então, esse caso do vazamento só aumenta os temores sobre a segurança do processo de liberação das águas residuais tratadas no oceano Pacífico.