Como a morte de estrelas pode responder perguntas sobre a matéria escura?

Quando as estrelas chegam nos momentos finais de sua vida, um dos possíveis resultados é se tornar uma estrela de nêutrons. Físicos teóricos do Canadá e da Índia acreditam que as estrelas de nêutrons funcionam como laboratório de matéria escura!

Estrelas de nêutrons podem ser laboratórios de matéria escura.
Estrelas de nêutrons podem ser laboratórios de matéria escura. Crédito: NASA

Objetos compactos são um grupo de objetos astrofísicos que surgem com a morte de estrelas. Dependendo da massa da estrela pode resultar em buraco negro, uma estrela de nêutrons ou uma anã branca.

Estrelas de nêutrons e buracos negros são distorções extremas do espaço-tempo que alteram a trajetória da luz. Sendo assim, estrelas de nêutrons possuem um forte campo gravitacional e é possível gerar um disco de acreção ao seu redor. Disco de acreção é matéria sendo capturada gravitacionalmente pela estrela de nêutrons.

Em novo artigo, astrofísicos teóricos argumentam que ao estudar o comportamento de estrelas de nêutrons ao capturarem matéria é possível estudar sobre matéria escura.

Estrelas de nêutrons

Quando uma estrela chega ao final de sua vida, ela se tornará um objeto compacto. Se ela tiver uma massa grande o suficiente, ela se tornará um buraco negro. Caso contrário, ela poderá se tornar uma estrela de nêutrons ou uma anã branca.

O nosso Sol se tornará uma anã branca quando terminar de consumir todo seu combustível já que não tem massa suficiente para uma estrela de nêutrons.

As estrelas de nêutrons possuem distorções do espaço-tempo extremas mas não tão extremas quanto buracos negros. O forte campo gravitacional de estrelas de nêutrons podem capturar matéria em um disco de acreção.

Matéria escura

A ideia de matéria escura já começa desde o final do século XIX mas foi apenas com Vera Rubin nos anos 70 que tivemos observações de fato. Mas como observar algo que não interage com a luz, logo, não conseguimos enxergar?

Rubin encontrou que a matéria escura interage gravitacionalmente com a matéria visível. É possível observar esse efeito quando se analisa a velocidade de estrelas em galáxias ou a interação entre galáxia em um aglomerado.

Com os anos, outras observações comprovaram o que Rubin encontrou na década de 70. Porém, até hoje, a natureza da matéria escura permanece como um mistério. Físicos propõem que a matéria escura podem ser partículas que interagem fracamente chamadas de WIMPs.

Processo de acreção

O processo de acreção é mais conhecido por causa de buracos negros. Quando matéria é capturada pelo campo gravitacional, um processo de transporte de momento angular se inicia fazendo com que a matéria caia em direção ao objeto central.

Buracos negros possuem disco de acreção
Buracos negros possuem disco de acreção e é a forma que conseguimos entender esses objetos que não emitem nenhum tipo de luz.

Esse disco de acreção brilha porque parte da energia é transformada em radiação eletromagnética. Essa radiação pode nos dar informações importantes sobre o objeto central como a massa, o momento angular e entre outras propriedades.

Estrelas de nêutrons como laboratório de matéria escura

A ideia do artigo é que quando a matéria escura interage gravitacionalmente com a estrela de nêutrons podemos observar mudanças no comportamento da estrela. Uma dessas mudanças seria o seu momento angular, ou de forma simples, o quanto a estrela gira.

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Outro argumento seria de que se a matéria escura tem uma natureza de partículas, ao ser acelerada pelo campo gravitacional da estrela de nêutrons, as partículas colidiram criando explosões observáveis. Além disso, uma ideia improvável é que a própria estrela de nêutrons poderia explodir devido à grande quantidade de energia liberada.

O artigo ainda está sendo revisado e não foi publicado por nenhuma revista mas é possível acessá-lo no arXiv.