Cerca de metade das plantas com flores estão em perigo de extinção

Um importante relatório de cientistas do Jardim Botânico Real de Kew descreve o estado das plantas e fungos do mundo, muitos dos quais estão em risco de extinção.

O maior nenúfar gigante do mundo
O maior nenúfar gigante do mundo, Victoria Boliviana.

Recentemente, cientistas deram o aviso de que 45% de todas as espécies conhecidas de plantas com flores poderiam estar em risco de extinção, com as orquídeas estando entre as mais ameaçadas, de acordo com um novo relatório importante.

As plantas e os fungos sustentam toda a vida na Terra, fornecendo serviços valiosos que apoiam os nossos meios de subsistência e fornecem aos seres humanos alimentos, medicamentos, roupas e matérias-primas. Mas muitos sofrem com a perda de habitat e com as mudanças climáticas, o que poderá ter impactos significativos para os seres humanos e também para a vida selvagem.

Outras plantas com flores sinalizadas como estando 'ameaçadas' incluem as famílias de plantas das quais obtemos pimenta preta e abacaxi.

Plantas vasculares são aquelas que possuem tecidos específicos para conduzir água e nutrientes ao redor de suas estruturas e incluem plantas com flores e outras plantas com sementes, como coníferas e samambaias, mas não musgos e algas.

Na verdade, os cientistas descobriram que 75% das plantas vasculares, que constituem a grande maioria das espécies vegetais, que ainda não foram descritas pela ciência, já estão em perigo de extinção.

As já extintas

Mais de 77% das espécies descritas pela ciência em 2020 já atendiam aos critérios para serem classificadas como ameaçadas. Eles descobriram que cada vez mais espécies recentemente descritas vivem em um pequeno número de lugares, ou até em apenas um local.

Muitas espécies de plantas recentemente descobertas já estão ameaçadas ou extintas quando recebem o seu nome e reconhecimento formal. Um exemplo é a ‘orquídea das cascatas’, planta encontrada em cachoeiras e águas rápidas e rasas, que foi encontrada por um botânico em 2018 ao longo de um rio em Guiné.

A 'orquídea de cascatas', agora extinta
A 'orquídea das cascatas', agora já extinta.

Infelizmente, quando a espécie foi formalmente nomeada em maio de 2022, as cascatas onde foi encontrada tinham sido inundadas pela construção de uma barragem hidroelétrica a 30 quilômetros a jusante. Agora acredita-se que esteja extinta.

Os cientistas do Jardim Botânico Real de Kew apelam agora para que todas as espécies recentemente descritas sejam tratadas como se estivessem ameaçadas, a menos que se prove o contrário.

Descoberta de fungos

Os cientistas também descobriram que o número de fungos no mundo é muito maior do que o estimado anteriormente. Se sabe muito pouco sobre a diversidade dos fungos em comparação com a das plantas e animais, que têm recebido maior interesse científico ao longo dos séculos.

Até o momento, apenas 155.000 espécies de fungos foram formalmente nomeadas, mas os pesquisadores suspeitam que o reino dos fungos é tão diverso e maior do que o das plantas e dos animais, com estimativas anteriores variando entre 250.000 e 19 milhões de espécies.

Agora, após uma análise sólida da ciência e dos avanços em tecnologias como a metacodificação do DNA, os cientistas estimam que existam cerca de 2,5 milhões de espécies de fungos em todo o mundo.

Nos últimos anos, os pesquisadores descobriram que os fungos têm muitas propriedades que podem ser utilizadas para produtos mais sustentáveis, incluindo alimentos, medicamentos, produtos químicos e têxteis.

Conhecimento acelerado

O relatório do Jardim de Kew baseia-se no trabalho de 200 pesquisadores internacionais e examina os impulsionadores e padrões globais da biodiversidade, bem como as lacunas no conhecimento e como elas podem ser preenchidas.

O professor Alexandre Antonelli, Diretor de Ciência do jardim, destacou a necessidade de o mundo acelerar a compreensão da diversidade de plantas e fungos. “Em um momento em que as plantas e os fungos estão cada vez mais ameaçados, devemos agir rapidamente para preencher lacunas de conhecimento e identificar prioridades para a conservação", disse ele.

"Uma série de ferramentas, tecnologias e abordagens estão nos ajudando a acelerar este trabalho, incluindo genômica e aprendizado de máquina", acrescentou.