Aquecimento global e alimentação: Dietas saudáveis podem salvar não só a sua vida, mas também o planeta

Dietas saudáveis, com redução na ingestão de açúcar e produtos de origem animal, podem ser a chave para controlar o aquecimento global sem prejudicar a economia.

Aquecimento global: Uma dieta saudável pode salvar não só a sua vida, mas também o planeta
Dietas com redução na ingestão de açúcar e produtos de origem animal podem ser a chave para controlar o aquecimento global sem prejudicar a economia.

Pesquisadores do Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK) descobriram que uma mudança global para uma dieta mais saudável e sustentável poderia ser uma poderosa alavanca para limitar o aquecimento global.

Os resultados indicam que dietas saudáveis são capazes de reduzir a emissão de gases de efeito estufa, aumentar o orçamento de carbono disponível e alcançar um cenário climático que depende muito menos da remoção de dióxido de carbono da atmosfera e de cortes rigorosos no sistema de energia não-renovável.

Descobrimos que uma dieta mais sustentável e flexível aumenta a viabilidade das metas climáticas do Acordo de Paris - Florian Humpenöder, PIK.

Em termos mais técnicos, uma mudança global na dieta humana reduziria as emissões de gases do efeito estufa - especialmente o metano gerado por animais usados para a produção de carne e leite - ampliando o orçamento global de gás carbônico das suas 500 gigatoneladas atuais para até 625 gigatoneladas, e mesmo assim permanecendo dentro dos limites ambientais necessários para se manter sob o aquecimento máximo de 1,5°C.

Aquecimento global: Uma dieta saudável pode salvar não só a sua vida, mas também o planeta
Um dos maiores fatores em jogo na mudança alimentar global é a redução das emissões de metano, gerado primariamente por animais usados para a produção de carne e leite.

O pesquisador Alexander Popp explica que, em comparação com as tendências alimentares atuais, dietas mais sustentáveis não apenas reduzem os impactos da produção de alimentos no sistema terrestre, como também o desmatamento e as perdas de nitrogênio. Ele afirma ainda que dietas saudáveis reduziram ainda nossa dependência da remoção de dióxido de carbono da atmosfera em até 39%.

A dieta flexitariana usada como referência para o estudo apresenta uma grande variedade de alimentos de origem vegetal, uma redução acentuada de produtos de origem animal, especialmente em regiões de renda alta e média, e uma redução na ingestão de produtos com açúcares adicionados.

O resultado global da adoção de uma dieta flexitariana como a proposta no estudo seria uma grande redução nos preços das emissões, no preço da energia e também no gasto com alimentos. Em outras palavras, não há perdedores.

Como uma dieta saudável aumenta a viabilidade de limitar o aquecimento global?

Para chegar a estes resultados, os pesquisadores utilizaram a estrutura de modelagem de avaliação integrada de código aberto REMIND-MAgPIE. Com ela, foram capazes de simular diversos cenários futuros de mudanças climáticas, incluindo mudanças na dieta em todas as regiões do mundo.

No entanto, ainda há desafios consideráveis a serem enfrentados. A tomada de decisões sobre a política alimentar geralmente está dispersa entre diferentes instituições e ministérios, o que dificulta a implementação de políticas coerentes de apoio a dietas saudáveis. Além disso, a inclusão social e os esquemas de compensação são fundamentais para uma transição justa para dietas saudáveis.

Mas, em resumo, uma mudança em nossas dietas poderia fazer uma diferença considerável se não quisermos ultrapassar o limite de aquecimento de 1,5°C nos próximos 10 ou 15 anos. Por isso, faça um favor para si próprio e também para o planeta: Comece a se alimentar de maneira mais saudável hoje.

Referência da notícia:
Florian Humpenöder et al., Food matters: Dietary shifts increase the feasibility of 1.5°C pathways in line with the Paris Agreement. Sci. Adv.10, eadj3832 (2024).