Entenda os perigos dos óleos essenciais vendidos como medicamentos: ANVISA alerta que não são milagrosos para a saúde

Faltam evidências científicas para muitos dos benefícios alegados e, além disso, o mau uso pode causar complicações à saúde. Segundo a ANVISA, os óleos essenciais não são considerados remédios, mas sim cosméticos.

óleos essenciais
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) explica que os óleos essenciais não são considerados remédios, mas sim cosméticos, e podem trazer riscos à saúde se usados de forma errada. Crédito: Divulgação.

O uso de óleos essenciais tem se popularizado nos últimos anos, prometendo aliviar vários sintomas incômodos, como a insônia e o estresse. Até o momento em que são usados como aromaterapia, sendo colocados em difusores para exalar o cheiro, tudo bem…

Acontece que esse tipo de produto está sendo indicado por vendedores para ser utilizado também de outras formas, as quais prometem trazer benefícios para a saúde: através da aplicação na pele e da ingestão. Isso mesmo, beber o óleo essencial.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) alerta que os óleos essenciais não são milagrosos para a saúde, não curam doenças, e podem causar sérios problemas à saúde se usados de forma incorreta.

Mas a desinformação sobre os óleos essenciais leva a riscos à saúde, como problemas de inflamação no esôfago e toxicidade em órgãos. Inclusive há relatos de consumidores internados por uso inadequado. Saiba mais sobre os perigos abaixo.

Os perigos dos óleos essenciais usados como medicamentos

Além de não resolver o problema que se pretende tratar, o mau uso de óleos essenciais pode causar complicações à saúde, como problemas de inflamação no esôfago e toxicidade em órgãos. Carla Gayoso, médica dermatologista e professora na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), explica: "Nenhum óleo essencial deve ser aplicado puro na pele. O uso diretamente na pele, em grandes extensões, pode causar reações alérgicas ou formação de manchas".

A ingestão do óleo essencial é indicada por fundadores e consultores equivocadamente, com um suposto benefício para a saúde (emagrecimento, funcionamento do estômago, dores de cabeça, melhora da memória, etc.), mas pode causar problemas.

Outro especialista também comenta sobre o assunto. Henrique Perobelli, cirurgião do aparelho digestivo no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, disse: “Os óleos essenciais são lipossolúveis (não são solúveis na água) e, por isso, podem ser prejudiciais ao fígado. O uso [de óleos essenciais] na dieta pode causar, a depender da periodicidade e da quantidade, inflamação no esôfago e gastrite. Se for uma quantidade exagerada, podem causar toxicidade nas células do fígado, rim e coração”.

A ANVISA também afirmou em nota que “Cosmético não é um produto para ingestão, não tem avaliação para este fim no que toca os ingredientes e processo de fabricação. Produtos para ingestão seriam alimentos ou medicamentos, a depender do caso”.

Um infeliz caso de ingestão

De acordo com Ana Guerra, uma aromaterapeuta que atua no Rio de Janeiro, uma cliente dela ingeriu óleo essencial de limão-taiti e ficou dois dias internada. A cliente, que é uma adolescente, tinha problemas gástricos e teria sido incentivada por uma revendedora de uma marca famosa a beber algumas gotas do óleo com um copo d’água por um certo período de tempo para ajudar no processo de emagrecimento.

Oficialmente, o Ministério da Saúde considera que a aromaterapia com óleos essenciais pode ser complementar a outras estratégias para promover o bem-estar dos pacientes. Mas claro, devendo sempre ser utilizada da maneira correta.

Referências da notícia

'Melhora memória, tem algo melhor?': óleos são vendidos como 'cura'. 10 de fevereiro, 2025. Camila Mazzotto e Luiza Vidal.

'Bebeu e ficou internada': mau uso de óleos essenciais causa danos. 10 de fevereiro, 2025. Camila Mazzotto e Luiza Vidal.