As mudanças climáticas ameaçam as matérias-primas necessárias para as tecnologias limpas
A seca e as temperaturas elevadas podem ameaçar o fornecimento de minerais necessários para as energias renováveis e os veículos elétricos, segundo uma análise.
Mais de 70% dos minerais essenciais para a transição energética estão em risco devido a condições meteorológicas extremas causadas pelas mudanças climáticas, de acordo com um novo relatório.
Os minerais e metais, incluindo o cobre, o cobalto, o lítio, o zinco, o ferro e a bauxita, que são essenciais para as tecnologias de baixas emissões de carbono, como os veículos elétricos, as energias renováveis e as baterias, enfrentam problemas de abastecimento causados pelo calor extremo e pela seca, segundo os consultores da PwC.
A extração e a produção de metais e minerais dependem fortemente da água - são necessários mais de 2 milhões de litros de água para extrair uma tonelada de lítio. As culturas alimentares dependem da água para crescer. Os trabalhadores de ambos os setores podem ser fortemente afetados pelo stress térmico, uma vez que grande parte do trabalho é feito ao ar livre.
Os riscos
A análise revelou que mesmo que as emissões globais de carbono diminuíssem rapidamente, mais de 70% da produção de cobalto e lítio e cerca de 60% da produção mundial de bauxita e ferro estarão em risco até 2050.
A bauxita é utilizada para produzir alumínio que, juntamente com o ferro e o zinco, é amplamente utilizada na indústria transformadora, nos transportes e nas infraestruturas.
A análise também analisou os riscos nas culturas alimentares. Verificou-se que 90% da produção mundial de arroz poderá enfrentar um stress térmico significativo até 2050; e mais de 30% e 50% do milho e do trigo, respectivamente, poderão enfrentar um risco significativo de seca até 2050, em um cenário de emissões elevadas. Estas três culturas são responsáveis por cerca de 42% das calorias consumidas pelos seres humanos.
Concentração de matéria-prima
A produção de matérias-primas está concentrada em um pequeno número de países - muitos dos quais enfrentam riscos climáticos crescentes, destaca o relatório. Para cada recurso analisado, pelo menos 40% - e até 85% - da sua oferta global é produzida em um máximo de três países. Mais de metade do cobalto mundial provém de apenas cinco minas na República Democrática do Congo, na África.
Will Jackson-Moore, líder global de sustentabilidade da PwC UK, disse: “Muitos locais que produzem bens essenciais irão provavelmente sofrer períodos mais frequentes de seca intensa e stress térmico até 2050, mesmo em um cenário otimista de baixas emissões”.
Emma Cox, responsável por questões climáticas na PwC UK, afirmou que as empresas devem fazer mais para compreender a dependência do seu modelo de negócio em relação às mudanças climáticas, bem como o impacto que as suas atividades têm no clima.
"Isto é crucial não só para o sucesso contínuo das empresas individuais, mas também para a saúde e a prosperidade globais da população mundial", acrescentou ela.
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