Potencial de chuva aumenta sobre as regiões Sudeste e Centro-Oeste com a possibilidade de ZCAS na transição de mês
As tendências do modelo de confiança da Meteored indicam uma virada de mês potencialmente chuvosa nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, com grandes acumulados de chuva.

São Paulo, o estado mais populoso do Brasil, vem sofrendo com escassez de chuva ao longo de 2025, assim como a região Sul e o Mato Grosso do Sul - além da parte oeste da Amazônia. Os mapas abaixo evidenciam isso e, à esquerda, podemos ver que a anomalia de precipitação entre os dias 1° e 21 de Janeiro em relação à média do mês (direita) alcança em torno de 100 mm de déficit de chuva.

Nos últimos dias o modelo de confiança da Meteored | Tempo.com, o europeu ECMWF, intensificou as tendências de chuva sobre as regiões Centro-Oeste e Sudeste para a semana entre 27 de Janeiro e 3 de Fevereiro. Isso indica um alívio para o quadro atual, mas também preocupação em relação aos altos volumes de chuva previstos. Confira agora a previsão atualizada para a virada do mês.
Virada de mês chuvosa no Centro-Oeste e Sudeste
Os modelos meteorológicos podem ser rodados para fins de pesquisa ou de forma operacional. O termo operacional em meteorologia refere-se ao uso prático e contínuo de um modelo para fornecer informações em tempo real - ou quase. Isso significa que eles estão sendo executados regularmente (diária ou mais frequentemente) para gerar previsões que são usadas diretamente por serviços meteorológicos, tomadores de decisão e o público. Desta forma, os modelos estão constantemente atualizando as previsões ao assimilarem os dados observados recentes e recalcularem suas previsões com base nisso.
Os mapas abaixo mostram as previsões de anomalia semanal de chuva para a semana entre 27 de Janeiro e 3 de Fevereiro do modelo ECMWF. À esquerda vemos a rodada iniciada no último domingo (19) e à direita a rodada mais atualizada, iniciada terça-feira (21). A escala de cores laranja indica regiões onde haverá menos chuva do que o normal (anomalia negativa) enquanto a escala de cores verde representa chuva acima do normal (anomalia positiva. As regiões em branco representam valores dentro da média.

Ambas as projeções indicam que a semana terá chuva acima da média no Nordeste, extremo norte do país, regiões Centro-Oeste e Sudeste, enquanto grande parte da Amazônia e o extremo sul do Rio Grande do Sul terão dias com precipitação abaixo da média. Porém, comparando os dois mapas, fica claro como as anomalias aparecem intensificadas na rodada atualizada (direita), tanto as anomalias positivas quanto negativas.
A estreita faixa verde que se estendia entre o norte da Argentina, cruzando o Centro-Oeste até o Sudeste (esquerda) agora abrange uma área muito mais ampla (direita), compreendendo quase que totalmente as regiões Centro-Oeste e o Sudeste, numa faixa que se estende desde o Nordeste. Os desvios positivos em relação à média aumentaram bastante no Sudeste, sendo da ordem dos 60 mm, com desvios máximos projetados de até 90 mm acima do normal.
Isso é bastante preocupante, uma vez que são esperados altos volumes de chuva em um intervalo de tempo relativamente curto. Os acumulados podem ultrapassar os 200 mm em algumas áreas.
Alerta: potencial para volumes de chuva preocupantes no Sudeste
Como já falamos aqui na Meteored | Tempo.com nos últimos dias, uma frente fria vem avançando pelo país e trará chuvas para o Sudeste e Centro-Oeste a partir de quarta-feira (22). A persistência da chuva nos próximos dias irá acumular volumes preocupantes em algumas áreas. A partir de sexta-feira (24) os acumulados começam a ficar mais significativos na região Sudeste e, até o dia 1° de fevereiro, podem ultrapassar os 200 mm na costa, como mostrado na previsão do ECMWF abaixo. As cores em azul representam menores volumes de chuva, enquanto as cores em rosa e vermelho representam os maiores acumulados.

As áreas mais preocupantes em relação aos acumulados de chuva estão na região costeira, entre o norte do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas Gerais. Grandes volumes de chuva (em torno de 150 mm) também são esperados para o oeste do Mato Grosso do Sul e sul de Goiás.
Os transtornos associados ao episódio chuvoso incluem alagamentos, inundações, enchentes e possíveis deslizamentos de terra em áreas de risco. Além disso, a região Sudeste é densamente habitada, então o impacto dos transtornos é potencializado, já que pode afetar muitas pessoas ao mesmo tempo.
É importante destacar que também há potencial para volumes de chuva elevados no litoral norte do país devido à atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), entre Belém do Pará (PA) e Macapá (AP).
Possibilidade de formação de ZCAS
A Zona de Convergência do Atlântico Sul, a famosa ZCAS, é um dos principais sistemas de chuva do verão no Brasil e se refere a um corredor de nuvens de chuva que se estende sobre o país desde o sul da Amazônia até o oceano Atlântico, na costa do Sudeste - mas também pode se configurar mais ao norte ou mais ao sul dessa posição. Esse corredor de nuvens é persistente ao longo dos dias e conhecido por gerar grandes volumes de precipitação, podendo alcançar valores extremos.
Mas para um episódio de ZCAS ser declarado, precisamos ter uma combinação atmosférica em baixos e altos níveis, como representado no modelo conceitual abaixo. Nos altos níveis, destacam-se a Alta da Bolívia (AB) e o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis sobre o Nordeste do Brasil (VCAN-NEB). Em baixos níveis, a situação sinótica envolve um sistema frontal estacionário (frente fria que permanece praticamente no mesmo lugar), geralmente localizado sobre o oceano, próximo à Região Sudeste do Brasil.

A AB, com sua forte divergência em altitude, sustenta a convecção sobre amplas áreas do Centro-Oeste, Sudeste e Norte do Brasil. Enquanto isso, o sistema frontal estacionário na superfície atua como um gatilho para a convergência de umidade nas camadas baixas da atmosfera. Uma vez configurado esse padrão, os sistemas transientes que passam ao sul acabam sendo incorporados pela ZCAS, reforçando a convergência de massa e umidade. Esse processo de retroalimentação contínua garante a manutenção do sistema, resultando em uma circulação atmosférica estável e persistente por períodos de 4 a 10 dias.
Acesse o site da Meteored | Tempo.com e se informe sobre a previsão do tempo na sua região. Se você mora em uma área com histórico de alagamento, enchente ou deslizamento de terra, fique atento às orientações da Defesa Civil da sua região.