Novo relatório do IPCC revela futuro assustador para o planeta

Relatório publicado esta segunda-feira pela ONU revela que as mudanças climáticas estão se alastrando mais rápido do que o previsto e já não podem mais ser evitadas. Ações drásticas precisam ser tomadas.

Atraso significa morte: Relatório climático da ONU revela fato assustador
Relatório da ONU revela que mudanças climáticas estão se acelerando e já não podem ser evitadas. O mundo precisa urgentemente de ações drásticas. (imagem: cocoparisienne)

De acordo com relatório publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira, as mudanças climáticas estão se intensificando rapidamente e a humanidade não está pronta para enfrentá-las.

O relatório é o mais recente de uma série de publicações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), cujo objetivo é detalhar o consenso global sobre ciências climáticas. O resultado é um esforço conjunto de milhares de cientistas de todas as partes do globo.

Este novo relatório, no entanto, concentrou-se especialmente em mostrar como o meio-ambiente e as diferentes sociedades ao redor do globo estão sendo afetadas pelas mudanças climáticas, e o que elas podem fazer para se adaptar.

A poluição descontrolada está forçando os mais vulneráveis do mundo a marchar em direção à destruição - Antonio Guterres, secretário-geral da ONU.

O documento deixa claro que as mudanças climáticas já estão acontecendo muito mais rápido do que os cientistas haviam previsto anos atrás. Enquanto isso, a maior parte dos compromissos climáticos de empresas e países não estão sendo cumpridos, o que sinaliza uma indiferença cruel das lideranças mundiais.

Levando em consideração que quase metade da população mundial está em posição vulnerável a impactos climáticos, a situação é no mínimo alarmante. O relatório pede ações drásticas em grande escala para evitar desastres nas próximas décadas.

É possível interromper as mudanças climáticas?

O primeiro passo é reduzir drasticamente as emissões de poluentes para evitar que a situação se torne ainda mais descontrolada. Ainda assim, o planeta infelizmente já passou do ponto de não-retorno - o que significa que as mudanças climáticas são irreversíveis.

A partir de agora, a humanidade precisará se adaptar ao que está por vir. Cidades costeiras, por exemplo, precisam de planos urgentes de infra-estrutura para manter pessoas a salvo durante tempestades e aumento do nível do mar - o que não exclui, inclusive, uma migração completa para locais mais altos.

A adaptação, no entanto, não é uma carta branca para a poluição. Existem limites econômicos e temporais para o que podemos fazer. Controlar o aquecimento global não evitará tragédias, mas irá reduzi-las substancialmente.

Justiça social será o primeiro passo para evitar catástrofes

Nenhuma economia conseguirá se adaptar a um planeta em aquecimento se não for socialmente inclusiva ao lidar com a tarefa, alerta o relatório. Desde nações africanas, sul-asiáticas e insulares até grandes economias como os Estados Unidos possuem populações pobres e marginalizadas altamente vulneráveis.

Sem um desenvolvimento econômico inclusivo, as mudanças climáticas levarão 40 milhões de pessoas à pobreza extrema em menos de dez anos - isso só na África, sem considerar os demais continentes. Para evitar desastres econômicos e sociais, as soluções precisam obrigatoriamente incluir populações indígenas, minorias e pobres.

O tempo está se esgotando. As decisões que o mundo tomar na próxima década definirão o futuro da humanidade. Estamos em uma breve janela onde podemos garantir um futuro habitável no planeta, mas ela está se fechando rapidamente.

Cada um de nós pode fazer sua parte - ações do dia-a-dia, como descartar corretamente o lixo e reduzir o consumo de carne, já ajudam muito a frear os impactos ambientais. Mas o principal, a partir de agora, será pressionar líderes de estado e grandes empresas para tomarem medidas efetivas de controle. É a nossa última chance.