Novo parque na Amazônia guarda santuário de árvores gigantes; saiba onde

Parque ambiental é dedicado à proteção integral de árvores gigantes da Amazônia e têm território quase 4 vezes maior que a cidade de São Paulo.

Árvore gigante na Amazônia
Raridades na Amazônia, árvores gigantes são guardiãs da biodiversidade. Crédito: Fernando Sette

A Amazônia brasileira acaba de ganhar uma nova área de proteção ambiental, um território na fronteira dos estados do Pará e Amapá totalmente dedicado à conservação de árvores gigantes. O Parque Estadual Ambiental das Árvores Gigantes da Amazônia foi criado em solo paraense no último dia 30 de setembro, conforme publicação do Diário Oficial do Estado (DOE).

Com essa mudança, o foco passa a ser a proteção integral do território, com o “objetivo da preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental e de turismo ecológico”, de acordo com o decreto do Governo do Estado do Pará.

A Unidade de Conservação está localizada em uma área de cerca de 560 mil hectares (extensão equivalente a quase 4 vezes o tamanho da cidade de São Paulo) e deriva da recategorização de uma parte da Floresta Estadual (Flota) do Paru no município de Almeirim (PA).

Parque abriga a maior árvore da América do Sul

O “morador” mais famoso do novo parque é um angelim-vermelho (Dinizia excelsa) de 88,5 metros de altura. Identificado e medido in loco em 2022 por uma equipe de cientistas e técnicos do governo, esse angelim foi registrado oficialmente como a maior árvore da América do Sul e a quarta maior do mundo.

Próximo a esse exemplar gigantesco, já foram mapeadas dezenas de outras árvores de grande, com estaturas superiores a 70 metros de altura. Em maio de 2024, durante a última expedição científica realizada na região, pesquisadores encontraram um novo santuário de árvores gigantes, o que demonstra a importância dessa porção da floresta amazônica em termos de diversidade biológica e a necessidade do fortalecimento de sua proteção.

“A criação da Unidade Conservação não só protegerá essas árvores monumentais, mas também promoverá a pesquisa científica e a sustentabilidade na região”, ressalta Diego Armando Silva, doutor em Ciências Florestais e professor do Instituto Federal do Amapá, centro de formação e pesquisa parceiro do projeto.

Extração de madeira e minério ameaçam conservação

A exploração madeireira ilegal é uma das principais ameaças à conservação dos angelins-vemelhos. Encontrado em matas de terra firme na Amazônia Central, o angelim-vermelho é uma árvore de grande porte conhecida pela madeira rubra e resistente. Por isso, é uma espécie muito valorizada no mercado moveleiro e na construção civil para a criação de peças maciças e duradouras.

Nessa região específica do Oeste do Pará, que possui alta incidência de angelins-vermelhos e outras espécies de árvores gigantescas, outros desafios à conservação se somam, como o desmatamento e a pressão de grupos clandestinos de mineração. Apesar de estarem previamente circunscritas em uma área protegida, a Floresta Estadual (Flota) do Paru, as árvores e todo o ecossistema do qual elas fazem parte sofrem pelas investidas dessas atividades ilegais, que são realizadas em um território muito remoto da Amazônia.

Novas frentes para a proteção de árvores gigantes

Com o estabelecimento do Parque Estadual Ambiental de Árvores Gigantes da Amazônia, é esperado o reforço de efetivo e estruturas de fiscalização ambiental, assim como o incremento de investigação científica, nesta área tão importante para o bioma e para o planeta.

"A criação do Parque é importante, porque dá a possibilidade ao estado, de garantir melhor proteção dessas espécies raras que são as maiores árvores da América Latina. Elas, estando em um parque, elas estão em uma unidade de conservação de proteção integral, onde há restrições para a realização de atividades de natureza produtiva, predatória, e com isso a legislação permite a ação pronta e imediata do estado e de todos aqueles que se dispuserem a cooperar com a proteção dessas árvores na sua preservação", afirmou o presidente do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) do Estado do Pará, Nilson Pinto.
Equipe técnico-científica em expedição de árvores gigantes
Equipe da última expedição científica realizada no território de árvores gigantes da Amazônia. Crédito: Fernando Sette

Referência da notícia:

Agência Pará. Estado cria em Almeirim o Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia. 2024

CBN Brasil. Angelim-vermelho de 88 metros é o guardião de árvores gigantes na Amazônia. 2024